A preocupação com a saúde e segurança dos trabalhadores nas empresas hoje está em nível de destaque e grande importância, porém este tema nem sempre foi considerado.
Até o início da revolução industrial não eram pensadas práticas, ações e atitudes de prevenção. Os problemas e acidentes que ocorridos eram apenas remediados, como por exemplo, em forma de reparação para a saúde física do trabalhador. O conceito de prevenção veio com chegada de novas ideias e estudos, como o de Herbert William Heinrich, onde identificou-se que as empresas poderiam economizar quantidades significativas investindo em prevenção ao invés de apenas realizar reparações.
Com isso, as grandes empresas iniciaram um avanço na área de prevenção em saúde e segurança dos funcionários e atualmente possuem Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST) muito robustos, o que contribuiu enormemente para a redução de casos de acidentes e doenças ocupacionais.
De acordo com estudos de 2018 do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), as microempresas (até 19 funcionários) e pequenas empresas (até 99 funcionários) representam cerca de 98,5% do total de empresas privadas do país e são responsáveis por 54% dos empregos formais. Avaliando a cidade de São Paulo, que apresenta proporções muito semelhantes às nacionais, no ano de 2020, foram notificados 34.400 acidentes de trabalho (CAT) (INSS/CATWEB, 2020) e 70 notificações de acidentes de trabalho com óbito (INSS/CATWEB, 2020).
O maior número de acidentes em pequenas e microempresas está relacionado com a falta de gestão de SST quando comparado ao número de grandes empresas que possuem SGSST incorporados às suas atividades e cultura. Para uma proporção aproximada de 50% dos trabalhadores formais atuando em pequenas e microempresas, fica claro que uma grande parcela dos trabalhadores está exposta a maiores riscos.
Existem dois fatores para que ocorra um acidente de trabalho, um deles é uma condição insegura (um condutor elétrico sem isolamento, por exemplo) e o outro é a atitude insegura (realizar uma atividade sem EPI, por exemplo). Quando juntamos uma condição insegura com uma atitude insegura aumenta-se muito a chance de acidente.
As condições inseguras e comportamentos inseguros nas pequenas e microempresas proporcionam acidentes menos significativos? Uma queimadura de um operador numa empresa de mil funcionários, que estava sem o EPI e fez o manuseio de um objeto quente, é diferente de um cozinheiro em um restaurante de 25 funcionários que se esqueceu da luva para retirar uma panela do fogão? Ou um mecânico na oficina que teve um acidente com um objeto pesado caindo sobre ele e um operador de empilhadeira de uma multinacional que derrubou parte da carga sobre ele mesmo, são acidentes tão diferentes?
As condições inseguras e comportamentos inseguros estão presentes em todos os setores, independentemente do tamanho das empresas. A existência de um sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho não evita que os acidentes ocorram, mas mesmo em níveis menores de complexidade em comparação com grandes empresas, realiza a identificação dos perigos existentes e propõe formas de prevenir ou diminuir as consequências dos eventuais acidentes através de treinamentos, controles operacionais, monitoramento da saúde dos seus funcionários entre outras ferramentas importantes que um SGSST traz para uma empresa.